Mochilas escolares e Dor Lombar em crianças: O que dizem as evidências científicas?

A dor lombar em crianças e adolescentes é um tema que preocupa muitos pais e educadores. A crença popular de que mochilas escolares pesadas são as principais vilãs por trás desse problema é amplamente difundida. No entanto, estudos recentes têm mostrado que a relação entre o peso das mochilas e a dor lombar não é tão direta quanto se imagina. Vamos explorar o que a ciência diz sobre isso e como podemos ajudar nossos filhos a lidar melhor com esse desafio.

A Prevalência da Dor Lombar em Crianças e Adolescentes

A dor lombar é uma queixa comum entre crianças e adolescentes. Dados mostram que até 40% dos estudantes australianos relatam dor lombar em algum momento, sendo que 30 a 50% desses casos persistem por mais de três meses. No Brasil, a situação não é muito diferente: cerca de 30% das crianças e adolescentes em idade escolar apresentam dor nas costas. Embora a maioria desses jovens se recupere bem dentro de um ano (86%), aproximadamente 32% experimentam recorrência da dor.

O impacto dessa dor vai além do desconforto físico. Estima-se que a dor musculoesquelética incapacitante em crianças e adolescentes possa gerar custos de até 1 bilhão de dólares anualmente no Brasil, considerando despesas com saúde, perda de produtividade dos pais e outros custos familiares.

Mochilas Escolares: Vilãs ou Inocentes?

A Associação Australiana de Fisioterapia (APA) alerta que as mochilas escolares não devem ser consideradas as principais culpadas pela dor lombar em crianças. Embora o peso da mochila possa ter alguma influência, mas outros fatores desempenham um papel significativo.

O tempo que a criança passa carregando a mochila, a percepção do peso e até mesmo fatores psicológicos e de estilo de vida podem contribuir para a dor. Adolescentes, em particular, enfrentam desafios adicionais, como problemas de saúde mental, alta carga física, atividade excessiva ou, paradoxalmente, um estilo de vida sedentário. Além disso, fatores relacionados ao gênero, como as mudanças esqueléticas durante a puberdade, podem predispor as meninas a sentir mais dor.

Explica o fisioterapeuta Elder Vasconcellos, especializado em dor musculoesquelética e certificado pelo Método McKenzie® de Diagnóstico e Terapia Mecânica® (MDT).

Prevenção e manejo da dor lombar

Embora não seja necessário pesar a mochila todos os dias, é importante que os pais estejam atentos ao que os filhos dizem sobre o peso da mochila. Se a criança perceber a mochila como pesada, pode ser um sinal de que é hora de avaliar sua capacidade física. Um fisioterapeuta pode ajudar a fortalecer a musculatura da criança, melhorando sua capacidade de lidar com a carga.

Além disso, é crucial diferenciar entre dores musculares normais após atividades físicas intensas e dores que podem indicar problemas mais sérios. “Se a criança acorda com dor durante a noite, apresenta rigidez matinal, tem dor que limita suas atividades diárias ou se a dor persiste por um tempo prolongado, é essencial buscar uma avaliação profissional”, recomenda Vasconcellos.

O papel da fisioterapia

A fisioterapia oferece uma variedade de ferramentas para o manejo da dor lombar em crianças e adolescentes. Desde exercícios específicos e terapia manual até educação e condicionamento terapêutico, os fisioterapeutas podem ajudar a melhorar a capacidade física e a qualidade de vida dos jovens.

Os pais são incentivados a procurar um fisioterapeuta especializado em dor musculoesquelética antes do retorno às aulas, caso seu filho apresente queixas de dor lombar. Uma avaliação precoce pode prevenir complicações futuras e garantir que a criança esteja pronta para enfrentar os desafios do dia a dia.

A dor lombar em crianças e adolescentes é um problema multifatorial que não pode ser atribuído exclusivamente ao peso das mochilas escolares. Embora o peso da mochila possa contribuir, outros fatores como estilo de vida, saúde mental e capacidade física desempenham papéis importantes. A boa notícia é que a fisioterapia baseada em evidências oferece soluções eficazes para prevenir e tratar a dor lombar, ajudando os jovens a manter uma vida ativa e saudável.

A fisioterapia conta com um arsenal de ferramentas comprovadas para auxiliar nesses casos, incluindo exercícios específicos, terapia manual, educação sobre postura e movimento, além de condicionamento terapêutico para fortalecer a musculatura e melhorar a resistência. Essas abordagens não apenas aliviam a dor, mas também previnem recorrências, garantindo que as crianças e adolescentes possam se dedicar às suas atividades diárias sem desconforto.

Se o seu filho reclama de dores nas costas, especialmente no período de volta às aulas, é fundamental buscar a orientação de um fisioterapeuta especializado em dor musculoesquelética. Uma avaliação precoce pode identificar as causas reais do problema e traçar um plano de tratamento personalizado, evitando que a dor se torne crônica ou interfira no desenvolvimento e na qualidade de vida do jovem.

Não espere que a dor passe sozinha. Agir rapidamente pode prevenir complicações futuras e garantir que seu filho tenha uma rotina escolar mais confortável e produtiva.

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Referências:

  1. Kamper, S. J., Yamato, T. P., & Williams, C. M. (2016). A prevalência, fatores de risco, prognóstico e tratamento para dor nas costas em crianças e adolescentes: uma visão geral das revisões sistemáticas. Melhores Práticas e Pesquisa em Reumatologia Clínica, 30(6), 1021-1036.
  2. Calvo‐Muñoz, I., Kovacs, F. M., Roqué, M., & Seco‐Calvo, J. (2020). The association between the weight of schoolbags and low back pain among schoolchildren: A systematic review, meta‐analysis and individual patient data meta‐analysis. European Journal of Pain, 24(1), 91-109.
  3. Yamato, T. P., Maher, C. G., Traeger, A. C., Williams, C. M., & Kamper, S. J. (2018). As mochilas escolares causam dor nas costas em crianças e adolescentes? Uma revisão sistemática. British Journal of Sports Medicine, 52(19), 1241-1245.
  4. Hatakeyama, B. A., Camargo, B. I. A., Santos, V. S., Leite, M. N., Espirito Santo, C. M. D., Kamper, S. J., Maher, C. G., Costa, L. O. P., & Yamato, T. P. (2024). Prevalence of disabling musculoskeletal pain in children and adolescents in Brazil: A cross-sectional study. Braz J Phys Ther, 28(1), 100593.
  5. Frosch, M., Mauritz, M. D., Bielack, S., Blödt, S., Dirksen, U., Dobe, M., … & Zernikow, B. (2022). Etiologia, fatores de risco e diagnóstico de dor nas costas em crianças e adolescentes: recomendações interdisciplinares baseadas em evidências e consenso. Children, 9(2), 192.
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  7. Oka, G. A., Ranade, A. S., & Kulkarni, A. A. (2019). Back pain and school bag weight–a study on Indian children and review of literature. Journal of Pediatric Orthopaedics B, 28(4), 397-404.
  8. Western Kids Health (2023). Do school bags cause back pain? Disponível em: https://westernkidshealth.com

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Dr. Elder Vasconcellos

Fisioterapeuta certificado pelo Método McKenzie® de Diagnóstico e Terapia Mecânica® (MDT), com especialização em Dor pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e em Traumato-Ortopedia pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro.

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